Certo dia, apareceram numa colônia espiritual de Gandhi dois homens e pediram ao Mahatma que os iniciasse nos mistérios do mundo espiritual. Gandhi aceitou ao pedido e ofereceu-se para ajudá-los.
Os dois hospedaram-se na colônia imaginando maravilhosas experiências, sob a direção do tão exímio chefe espiritual.
E, para dar prelúdio à iniciação, Gandhi encarregou os dois candidatos a suprema espiritualidade de varrerem o pátio da colônia coberto de folhas secas.
Os dois empunharam as vassouras e varreram o pátio.
E assim se fez
Depois, Gandhi pediu que descascassem batatas e cortassem verduras, e que rachassem lenha para o fogo utilizado para fazer o almoço de todos na colônia.
À tarde, Gandhi mandou os dois, com latas de creolina, às aldeias circunvizinhas para fazer limpeza nas privadas e fossas, como costumava fazer ele mesmo.
Ao voltarem do serviço nada espiritual, um deles disse ao companheiro: Será que gandhi se esqueceu do nosso pedido de iniciação espiritual?
Antes do descanso noturno, todos fizeram uma hora de meditação.
No dia seguinte, os mesmos trabalhos, com pequenas variantes.
De manhã e a noite, horas de meditação.
Os dois estavam cada vez mais decepcionados, esperavam que gandhi os convidasse para uma sala fechada, misteriosamente imersa numa penumbra e recorresse a algum ritualismo mágico-místico, esperavam um toque de magia e que de lá saíssem preparados para o resto da vida.
Finalmente, no final do terceiro dia, um dos candidatos teve a coragem de perguntar a Gandhi:
- Mestre, Quando começa a nossa iniciação?
- Já começou - Respondeu Gandhi.
- E quando terminará?
- Terminará quando vocês fizerem de boa vontade o que até agora fizeram de má vontade.
E os dois candidatos à suprema espiritualidade sumiram.
Texto extraído do livro MAHATMA GANDHI O APÓSTOLO DA NÃO VIOLÊNCIA.
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