quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Orlando de Deus e Silva - Um pouco da História de Tucuruí.

 Orlando de Deus e Silva

Orlando de Deus e Silva nasceu em Cametá, em 18.06.1919, vindo para Tucurui, Alcobaça na época, em 05.02.1940. Ingressou no serviço publico federal como funcionário da extinta estrada de ferro Tocantins, onde galgou vários cargos de alta responsabilidade dentro do setor por ele administrado. Isso aconteceu nos idos de 1941.

O primeiro cargo foi como chefe de trem. (O chefe de trem era aquele responsável pela viagem, os fretes por ele conduzido e os passageiros).

O segundo foi como chefe de trafego onde permaneceu por muitos anos. Nesse interim, foi vice-diretor da Estrada de Ferro Tocantins e até diretor em exercício. “ Seu Orlando” como era conhecido por todos os amigos, sempre se destacou como homem intelectual, prudente, sensato e altivo, acima de tudo, era também alfaiate, dos bons e grande fotografo da época, pois, ainda hoje encontra-se por ai fotos por ele produzidas.

Para descrever a figura de pessoa tão amiga com exatidão, foge a compreensão da gente, pois seria converter o oceano em um pequeno lago. Seria reduzir o Everest a um pequeno monte. Mas, vamos tentar descrever e fazer as pessoas que não conviveram e não conheceram tão ilustre pessoa, conhecer um pouco.

“Seu Orlando” também participou da vida publica, e foi presidente do Partido Trabalhista Brasileiro, P.T.B de Vargas, também pertenceu ao antigo Partido Social Progressista – P.S.P. Chegou até disputar o cargo de Prefeito de Tucurui no na de 1956 e foi também atleta de futebol de campo defendendo as cores do Ferroviario Atletico Clube.

Em 1976, associou-se com o Deputado Raimundo Ribeiro de Souza fundando a Grafica Tocantins. Com o falecimento do Diquinho, seu Orlando comprou a parte dos herdeiros e dali em diante, passou a se chamar Tucurui Grafica, sempre atendendo ao desenvolvimento de Tucurui. Não desprezou a juventude e em 1978, fundou a Escolinha de Futebol de Leite e Fraudinha, que teve durabilidade de 5 anos, que por vários motivos foi extinta.

Orlando Silva proferiu o belíssimo discurso no momento da solenidade de extinção da Estrada de Ferro do Tocantins. Veja abaixo:

Saudade e Nada Mais

¨ Dia 17 de Novembro de 1973, as 16:00 h e 3 minutos. Dia sombrio e triste, com nuvens de um cinza escuro pairando no alto. Há pouco, como se a própria natureza desejasse participar de nossa tristeza, derramou um pouco de suas lagrimas sobre a cidade, em forma de uma chuvinha bem fina, como para amenizar o calor escaldante que antecedia os últimos momentos da Estrada de Ferro Tocantins, já derreada em seu leito de morte... (segue-se um canto de um passarinho). 

Vejam vocês que estão perto e ouçam depois os ausentes. Um inocente e lindo Curiatã, como se foram um emissário de sua classe, trazendo-nos uma mensagem de fé no destino deste rico pais deliciam nossos ouvidos com o seu maravilhoso canto. Até a acácia, onde ele pousou, como se para melhor ouvi-los, baixou seus galhos, movidos que foram por leve brisa.

Agora ouçam outros cantos bem conhecidos nossos. Estes, colegas e companheiro de Tucuruí, são os apitos das locomotivas Sorocabanas e Leopoldina em suas derradeiras viagens ao longo da Estrada de Ferro Tocantins. O povo de Tucuruí, atraído pelos apitos sentidos tomou já a estação central. As locomotivas enfeitadas de ramos verdes e roxos, simbolizando a esperança e luto ao mesmo tempo, são tomadas pelo povo no afã de arrancar um dos ramos para guardá-lo como ultima lembrança daquele que o serviu bem ou mal durante três quartos de século.

Agora o povo se dirige ao pátio do escritório. Mais de mil pessoas.
Notem que é tão grande a emoção que não ouvimos uma só palavra partindo dessa massa humana!

Colegas ferroviários, vivo neste instante o momento mais dramático, mais emocionado, mais intenso e mais vibrante de meus trinta e três anos de ferroviário. As fortes emoções, que muitas vezes sentir quando tive que enfrentar os desmandos de vários diretores, até o dia em que fui cassado por um desses diretores, armado de Parabelum, não representa mais que a brisa que apouco sacudiu os galhos da acácia, em relação ao furacão que domina todo o meu ser. 

Tudo chora dentro mim; mas, tenho que ir até o fim. Tenho que congelar o meu coração. Tenho que conter o dique de lagrimas que aos meus olhos sobem. Preciso deste documentário, assim como noivo abandonado ao pé do altar, precisa da flor que caiu do enxoval da noiva, querida e desertora. Ouçamos com atenção os apitos de despedidas e de saudade das locomotivas, em seguida os discursos dos oradores.

“Tudo está consumado. Ouvimos o que foi a despedida dos ferroviários à sua velha estrada. Lagrimas incontida e rebeldes correram de muitos pares de olhos. De nada serviu, óculos escuro que me armei. Varias vezes usei o lenço. Não pude colocar a pedra recomendada pelo diretor Raimundo Ribeiro de Souza no lugar do meu coração. Ele mesmo, o “Diquinho”, mesmo com uma pedra no coração fumou vários cigarros antes do discurso que proferiu. Trocou o coração, mas, quase corta os lábios de tanto morde-los. ”

“Agora resta apenas dizer mais um adeus a Estrada de Ferro Tocantins! Foste riscada do plano ferroviário, mas ninguém poderá riscar-te do meu coração. Estás pagando o preço do progresso do Brasil!”

Nota do Blog:  Todo o material foi fornecido carinhosamente por ORLANDINHO filho de Orlando Silva. O texto que fala um pouco da vida de Orlando Silva foi escrito pelo filho já falecido o DR. EDIMILSON BECHARA.

Um comentário:

  1. Anônimo7/3/11 20:04

    CORREÇÃO : O SEU ORLANDO NÃO ERA FOTOGRAFO. ERA MUITO BOM NA PRODUÇÃO DE TEXTOS, MAS NÃO ERA FOTOGRAFO. OS FOTOGRAFOS DAQUELA ERAM : RUBENS NAZARIO E MANOEL ESTUMANO (FUNCIONARIOS DA EFT). ALIAS, TENHO UM EXEMPLAR DO JORNAL PRODUZIDO PELA TUCURUI GRAFICA, COM TEXTOS DO SEU ORLANDO SILVA. O JORNAL É DATADO DE DEZEMBRO DE 1975.

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