quinta-feira, 15 de abril de 2010

MOMENTO DA POESIA

SONETO DE SEPARAÇÃO

De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.

Vinícius de Moraes - Setembro de 1938

2 comentários:

  1. Meu caro Miguel,
    Este Soneto da Separação é em homenagem ao Sancler/Deley; ou ao Miguel/Joilson; ou a Ambos? Não minta para o papai!!!

    ResponderExcluir
  2. Não é em homenagem a nenhuma separação, pois temos ser sempre a favor da união. Ela é para os apreciadores de poesias.

    ResponderExcluir